O SENTIDO CRISTICO
É forçoso inferir que muito
poucos são aqueles que reconhecem o verdadeiro sentido dos mandamentos de
Jesus: ‘amareis o vosso próximo como a vós mesmos’. Entre os que reconhecem,
contudo, menos ainda são os que colocam-nos na via prática do ensinamento.
A lição, que parece simples,
exige do intérprete e do candidato à discípulo do Mestre, uma incessante e
incansável, diuturna e ininterrupta atuação no burilamento de si mesmo, sem o
quê, as palavras tornam-se vazias aos ouvidos de quem ouvem-nas. Afinal, o que
é ‘amar’? Quem é o ‘meu próximo’?
A prática do verbo e o encontro
do semelhante estão ligados ao despertar da alma para as virtudes. Ama-se o
próximo quando se vive ‘no próximo’, quando se coloca em seu lugar,
compreendendo a transitoriedade das ignorâncias alheias, fazendo fecundas as ações
da abnegação, da renúncia, do perdão, da humildade, da caridade em sua acepção
mais sublime, na certeza da imperfeição alheia, que reflete a nossa própria
imperfeição.
É fácil compreender e viver a
mensagem? Sabemos que de nossa parte não, não é. Mas por qual razão estamos
nessa Grande Viagem, senão para o despertar de nosso espírito para os grandes
valores da Criação?
Foi por estar convicto de nosso
estágio na ‘escuridão para as Verdades’, aliás, que Jesus alertou: ‘têm olhos
de ver e não veem; ouvidos de ouvir e não ouvem’, pois que a mensagem, embora
ditada e exemplificada, não era – e ainda não é – compreendida e vivida pela
humanidade.
Ora, se os ensinamentos fossem
sorvidos e vividos, por que razão ainda estaríamos aos rodeios com tanta dor e
tantas guerras, frutos do sectarismo, do separativismo, da subjugação, do
orgulho e preconceito de castas e posições transitórias?
Não, ainda não! A mensagem
crística ainda não foi compreendida na profundidade de sua essência por nós,
povos orgulhosos e egoístas, que almejamos, por ora, apenas as nossas
satisfações pessoais, e que nos esquecemos que breve, muito breve, nossa alma
será chamada a dar o testemunho do tempo da reencarnação.
O tempo é de mudanças; dizem
muitos. Não são os tempos, porém, que precisam mudar, somos nós mesmos. E,
mudamos logo, ou a dor abençoada nos mudará para a compreensão e o sentido da
vida.
Fonte Academia Camille Flammarion
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